Semana passada fomos conhecer um lugar super especial. O
Mocotó. Tinha lido num blog que eu adoro o
Comer para Crescer um post sobre este restaurante/bar e já tinha ficado com água na boca. Uma história que começa em 1974 com Seu José e segue hoje com ele e Rodrigo, seu filho/chef que fez gastronomia. Entendi que a proposta é aliar a velha e boa comida nordestina com um toque de modernidade e sofisticação. Claro que eu estava doida para conhecer, ainda mais que fica aqui para os nossos lados. Lá fomos nós.
Fomos super bem recebidos pela querida Carla, que além de servir às mesas, parece assim como eu gostar de uma prosa. Carla nos apresentou Seu José e o Rodrigo, pessoas amáveis, gente boa de tudo!
Comemos muito bem.
Desta vez fomos de baião de dois, carne de sol (com alho assado, chips de mandioca e pimenta biquinho), purê de batata doce, farofa, pastéis de carne de sol, acompanhados de cerveja super gelada. De sobremesa pedimos mousse de chocolate com cachaça e cartola (banana com queijo). Ah...ainda experimentamos, por gentileza da Carla, um delicioso sorvete de rapadura com calda de catuaba. Para fechar a noite, café expresso.
No final eu de buchinho cheio, olhava feliz o cardápio, comentando quais seriam os pratos da próxima visita.
Vale muito a pena!! Comida ótima, atendimento atencioso, perfeito para bater papo e saborear uma cervejinha ou quem sabe uma boa e velha cachaça...
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Carne de Sol com purê de batata doce |
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Carne de Sol |
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Carla e eu |
O Rodrigo tem uma coluna no caderno
Comida, da Folha de S.Paulo, sobre gastronomia. Numa quinta-feira ele escreveu um delicioso texto de pai. Publico (assim como a Patrícia do Comer para Crescer) o artigo na íntegra (abaixo) porque a versão on line é só para assinantes.
Segue o texto:
FOGO ALTO
A visão de quem cozinha
RODRIGO OLIVEIRA
As minhas duas melhores receitas
Aliás, “pão” foi a primeira palavra da Flor, minha filha de um ano. Antes até de “papai” ou “mamãe”
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De férias com a família, percorremos Portugal desde o começo do mês. A escolha do destino foi diretamente ligada à comida. Sopa de pedra, porco preto, ovos moles e outros clássicos estavam listados.
Mas, dentre muitos vinhos, paisagens e pessoas diferentes, quero falar de uma descoberta maior do que o leitão da mealhada ou a legítima broa portuguesa. Mesmo tendo percorrido do Algarve ao Vale do Douro, o que mais me emocionou foi descobrir a relação das minhas filhas com a comida e o seu amadurecimento ao longo dessa jornada.
Como cozinheiro, raramente faço refeições em família. Por isso, cultivo em casa o hábito de fazer do café da manhã uma refeição especial. Comemos sempre juntos eu, Ligia e nossas filhas, Nina, 2, e Flor, 1.
A mais velha come de tudo, já a pequena é mais seletiva. Enquanto a Nina devora ovos, cuscuz, tapioca, queijo, suco, a Flor se agarra a um simples pedaço de pão e passa feliz vários minutos tentando comê-lo. Mesmo sem nenhum dente ainda, faz questão de ter parte da casquinha mais dourada, melhor assada. Aliás, “pão” foi a primeira palavra da Flor, antes até de “papai” ou “mamãe”. Bebês gourmets, cada um à sua maneira.
Durante a viagem tive o prazer de fazer cada refeição ao lado delas e vê-las descobrir seu próprio mundo de comida. A Nina se encantou com a sopa de galinha com couve, feijão fresco e macarrão da nossa anfitriã em Carvalheira, dona Cidália.
A Flor, além de ter delirado com os pães da terrinha, descobriu brócolis, canja e presunto cru. Tudo isso além de pêssegos, ameixas-amarelas e cerejas que apanharam no quintal do seu Celestino.
Nesse mesmo lugar a Nina colheu uma batata e me emocionei quando vi a euforia e o orgulho desse grande feito no rosto dela.
Escrevo agora de Bonson, uma pequena cidade no centro da França, onde vim prestigiar o casamento de um amigo e ter mais alguns dias de banquetes. Nossas férias estão chegando ao fim, mas tenho certeza de que nossas meninas ainda nos reservam belas surpresas.
RODRIGO OLIVEIRA é chef do restaurante Mocotó (av. N.S. do Loreto, 1.100, Vila Medeiros, São Paulo)